A preservação da fertilidade com o congelamento de óvulos ou espermatozoides é uma técnica disponível na Medicina Reprodutiva que tem tido avanços consideráveis nos últimos anos. Antigamente a taxa de sucesso de sobrevivência dos gametas (óvulos e espermatozoides) era baixa, devido à técnica de congelamento ineficiente. Atualmente, as taxas de sucesso são de cerca de 90 a 95%, o que tornou essa possibilidade algo muito mais plausível de ser realizada em larga escala.
Mas quais as indicações para realizar um congelamento de óvulos ou espermatozoides?
Uma indicação de preservação de fertilidade é a realização de tratamento para câncer, especialmente quimioterapia. Sabemos que os quimioterápicos podem afetar profundamente a produção de espermatozoides e a qualidade dos óvulos da reserva ovariana. Assim, antes de realizar a quimioterapia, é importante que o paciente tenha acesso à possibilidade de congelar seus gametas para uma gestação futura, após a liberação do oncologista.
Uma outra indicação médica para o congelamento de gametas é a realização de cirurgias no sistema reprodutivo que possam afetar os testículos e os ovários, como a remoção dos ovários, por exemplo.
De forma mais frequente atualmente, ao congelamento dos gametas tem sido realizado por motivos sociais, sem nenhuma indicação médica. Neste caso, homens e mulheres que desejem ter filhos em um momento futuro, mesmo que estejam saudáveis e não apresentem problemas de fertilidade, podem criopreservar seus gametas. Neste caso, a recomendação é de que o congelamento aconteça até os 35 anos de idade, especialmente para as mulheres.
Estes gametas poderão ser utilizados para a maternidade ou paternidade solo futura, se assim for o desejo do paciente.
Os óvulos e espermatozoides podem permanecer congelados por tempo indefinido. Quando o paciente desejar, os gametas são descongelados para realização de outras técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).
O processo de congelamento de sêmen é bem simples. É preciso realizar ao menos uma coleta de espermatozoides, usualmente por masturbação. Se for possível realizar mais coletas, melhor. O sêmen é então levado ao laboratório, o líquido seminal é removido e os espermatozoides são concentrados e congelados em palhetas, que irão permanecer armazenadas em botijões de nitrogênio líquido a menos -196°C.
No caso do congelamento dos óvulos, o procedimento é mais complexo. A paciente precisará utilizar hormônios para estimular o crescimento de um maior número de folículos ovarianos. O desenvolvimento dos folículos será então acompanhado por uma série de ultrassonografias transvaginais. Quando houver uma quantidade mínima de folículos com um tamanho adequado, indicando que os óvulos estão maduros, será realizada a punção folicular. Os óvulos obtidos destes folículos serão enviados ao laboratório, que irá avaliar a qualidade deles, de acordo com a capacidade de ser fertilizado no futuro. Os óvulos considerados maduros e de boa qualidade serão congelados em palhetas e colocados nos botijões de nitrogênio líquido a menos -196°C.
Os gametas podem ficar congelados pelo tempo desejado. Já existem relatos de sucesso de nascimento de bebês saudáveis gerados a partir de gametas congelados há mais de 20 anos. Portanto, a preservação da fertilidade para uso futuro é uma possibilidade viável para as pessoas que desejam ou que irão precisar postergar a gestação por motivos médicos.
Centro de Reprodução Humana Wahib Hassan